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"SILVIO SANTOS E SEU IMPÉRIO" PARTE II
O segundo lugar consolidado.
Próximo ao fim dos anos 80, Silvio Santos a consolidar a sua emissora como a segunda colocada na preferência da população e das empresas de publicidade. Começou este processo contratando grandes de estrelas já consolidadas em outras emissoras. O pontapé inicial se deu com a aquisição de dois grandes artistas da TV Bandeirantes na época: Hebe Camargo e Carlos Alberto de Nóbrega. Cada vez mais, o SBT deixava de ter cara da antecessora, TV Tupi, e passava a ter a sua própria identidade.
Hebe Camargo vinha de uma carreira promissora na rádio e passou a ser considerada no SBT, “A dama da TV brasileira”, não era por menos, Hebe havia acompanhado de perto todo o processo de adaptação que os artistas do rádio tiveram que passar assim que a TV surgiu, e bem ou mal, o rádio já não tinha o mesmo encanto e quem não se adaptasse à TV
estaria condenado ao anonimato. Em outras palavras, Hebe se tornou uma sobrevivente da rádio na TV e ainda teve a chance de ser coroada como rainha. No ar sempre às segundas, Hebe está na TV até hoje com o mesmo programa, houve tentativas de fazer algo novo em dois momentos: em 1993 “Hebe e Elas”, apresentado as terças, tinha o mesmo formato do programa de segunda, só que só com convidadas que discutiam problemas tipicamente femininos e em 2006, o programa “Fora do ar” ia ao ar as quartas e estreou com a sua apresentação compartilhada com a de Jorge Cajuru, Cacá Rosset e Adriane Galisteu, juntos eles discutiam notícias da semana, apresentada pelos maiores jornais do país. Como a situação do país no momento girava em torno de CPI´S e escândalos de corrupções e Cajuru tinha uma língua afiada acompanhada por inúmeros processos de personalidades que se sentiam “denegridas” por ele, foi decidido entre os apresentadores e a direção do programa, lamentavelmente tirar o programa do ar.
O outro novo contratado pelo SBT, Carlos Alberto de Nóbrega, pouco antes de assinar com a emissora de Silvio, o acusava de ter roubado seu pai, Manoel da Nóbrega, devido ao fato de Silvio Santos não ter pagado pela aquisição do “Baú da felicidade”, e tendo
em vista o sucesso da empresa, Carlos Alberto acreditava que aquele império deveria ser seu por direito. O próprio Silvio, por diversas vezes, declarou que Manoel havia cedido o Baú a ele para que ele o desenvolvesse, mesmo assim, por muitos anos Carlos Alberto não havia se convencido pela história. Após longas conversas e discussões sobre o assunto, acabou por acreditar que, mesmo que Silvio tivesse “roubado” o Baú de seu pai, tinha sido ele quem havia o transformado naquele sucesso. No programa de estréia de Carlos Alberto, “A praça é nossa”, feito nos mesmos moldes da antiga versão do humorístico “A praça da alegria” que era apresentada por seu pai, Silvio Santos entrou no estúdio de surpresa e disse, em rede nacional, o quanto era grato ao amigo Manoel da Nóbrega, não só por ter dado o Baú a ele, mas por tudo que havia feito em nome de sua amizade, inclusive ter cedido o horário vago na TV Globo nas tardes de domingo para que ele pudesse apresentar seu primeiro programa de TV. Mas isso não foi tudo, Silvio disse que em nome da amizade que tinha por Nóbrega pai, enquanto fosse vivo Carlos Alb
erto não ficaria sem trabalho. E foi neste clima de “pingo nos is” que estreou no SBT “A praça é nossa”. O programa, que dava em média, 10 pontos no Ibope na Rede Bandeirantes, passou a ter picos de 35 no canal de Silvio. Já naquela época Carlos Alberto já contava com grandes nomes do humor como Ronald Golias (o professor Bartolomeu Guimarães), Consuelo Leandro, Roni Rios (a velha surda) e Zilda Cardoso (a Dona Catifunda). “A praça é nossa” continua no ar até hoje, mudou pouca coisa desde a sua estréia, somente cenários e novos personagens. Não faz o mesmo sucesso de antes, mas sobrevive bravamente. A “praça” estar no ar, é um compromisso que Silvio honradamente cumpre em nome de sua amizade por Manoel da Nóbrega.
O sucessor?
O SBT se consolidava cada vez mais como segunda maior emissora do país, Silvio Santos continuava com as contratações, chamou um jovem talento do rádio, que julgava promissor. O rapaz que o ajudava em seus programas, “Domingo no Parque” e iria apresentar uma game show nas noit
es de sábado, foi assim que Gugu Liberato estreou na TV com o seu “Viva à noite”. Sob a direção de Roberto Manzoni, o “magrão”, Gugu comandava uma disputa entre homens e mulheres, além de exibir entrevistas e shows musicais. O Globo se sentia cada vez mais incomodada com a ascensão daqu
ele apresentador que, cantando o “pintinho amarelinho”, atingia a hegemônica audiência de “Super Cine”. De todos os artistas que passaram pelo SBT, Gugu sem dúvida, foi o que mais se transformou e soube aproveitar a sua estadia na emissora. Criou uma produtora de talentos, a extinta “Promo Arte” e aproveitava-se do sucesso do Viva à Noite para promover os artistas de sua empresa. Entre os artistas que foram revelados estava à primeira “boy band” brasileira, o grupo “Dominó”. Formado por Nil, Afonso, Marcelo e Marcos, o grupo foi um criado nos moldes dos “Menudos” que faziam sucesso no mundo e deu muito certo no Brasil e nos países latinos, principalmente entre o público adolescente. Mas muitos hits do grupo se tornaram imortais como “P da Vida”, “Wild World”, “Quando te vi”... A m
aior audiência registrada do programa “Viva à Noite” foi na noite em que o grupo anunciou a despedida. Terminava ali um grande sucesso, fabricado pela TV. Muitas outras formações do grupo surgiram, nenhuma com o mesmo sucesso e a mesma expressão. Silvio acompanhava as facetas de Gugu de perto, mas sem interferir. Foi apontado inclusive, como sucessor do homem do baú quando foi escalado para comandar seu Viva à Noite nas tardes de domingo, foi então que em 1993 estreou o “Domingo Legal”. Quando Fausto Silva foi contratado pela Globo para assumir as tardes de domingo da emissora carioca, Silvio decidiu manter Gugu nos domingos para ser o concorrente direto do “Domingão do Faustão” e o Viva Noite deixou de existir. Gugu continuava nas noites de sábado, mas agora com um musical “Sabadão Sertanejo”, que levava ao programa grandes nomes da musica sertaneja, que estava em destaque na época. A concorrência entre Gugu e Faustão iria se consolidar anos mais tarde na guerra dos domingos que irei falar mais adiante.
Mais sem dúvida, a grande contratação do SBT no final da década de 80 foi a do humorista Jô Soares, não só por ser um artista de peso da concorrência, mas por
que iria estrear na emissora paulistana um outro formato de programa. O público, que estava acostumado a vê-lo como humorista na Globo, teve que se acostumar à vê-lo entrevistando personalidades, políticos e anônimos de uma maneira descontraída. Era o “Jô Soares Onze e Meia”, no ar de segunda a sexta sempre neste horário, o programa de entrevistas era baseado nos talk-shows que já existiam nos EUA e eram apresentados por David Letterman e Larry King. No Brasil, o programa ganhou a cara de Jô e na chamada do programa dizia-se “não vá para a cama se ele”, e muita gente não ia. No fim dos anos 90, Jô deixou a emissora paulista para voltar para a Globo, não mais como humorista, mas sim com a imagem de entrevistador que conquistou no SBT.
Marcas registradas do SBT
A crise econômica que o país enfrentava em meados dos anos 90, fez Silvio Santos pensar na venda do SBT, mas voltou atrás, pois se convenceu de que a emissora era o grande instrumento da sua própria divulgação e também dos produtos do Grupo Silvio Santos, e não seria coerente vender a
rede pela qual havia lutado tanto para conquistar.
Silvio Santos também investiu não em formatos que tivessem a marca registrada da emissora, apesar da maioria destes programas nascerem para bater de frente com os programas da concorrência, Silvio Santos conseguia criar certa identidade nos programas da casa. Para concorrer diretamente com o jornalismo da Globo, ele fez vários investimento. Boris Casoy passou a ser o âncora do principal telejornal da emissora, o “TJ Brasil”. Boris possuía toda credibilidade que o principal telejornal da casa precisava, foi no SBT que ele criou o célebre bordão “isto é uma vergonha”.
Silvio continuou a tradição das manhãs infantis, principalmente depois da contratação de Xuxa para as manhãs da concorrência. Enquanto a Globo atacava com a Xuxa e a Rede Manchete com Angélica, que havia substituído a rainha dos baixinhos no “Clube da Criança”, Sí
lvio lançou a baiana Mara Soares como apresentadora de programas infantis. Entrava no ar o programa “O Show Maravilha”, com o diferencial de ser comandado por uma apresentadora morena. O programa de Mara era apresentado às 16:30 de segunda a sexta feira , após a hora do almoço e não concorria diretamente nem com Xuxa, que apresentava seu programa de manhã e em com Angélica, que entrava no ar com se “Clube da Criança” no final de tarde. Silvio decidiu investir em desenhos para bater de frente com Xuxa, com o fim do “Show do Bozo” em 1991, outro personagem do progra
ma entrava no ar de maneira bem mais despretensiosa, Valentino Guzzo, na pele da saudosa “Vovó Mafalda” apresentava os desenhos da casa na “Sessão Desenhos” em um programa que priorizava a simplicidade. Não havia cenário, auditório ou gincana com prêmios, somente a cara pintada de palhaça de Valentino Guzzo, com um enorme morango no lugar do nariz. “Sessão desenhos” não atingiu o reinado de Xuxa, porém ficou marcado como prova de que se pode fazer TV com simplicidade e talento.
Outro grande nome da programação infantil na década de 90 foi Serginho Mallandro. Com a saída de Mara do SBT, e
le entrou no ar com o programa que levava o seu nome. Mallandro era a primeira imagem masculina, foi uma grande sacada criativa de Silvio Santos, pois até então, fora o palhaço Bozo, não havia noticia de nenhum apresentador de programa infantil. O programa chegou a concorrer com o programa da Xuxa, mas com o fim do “Show da Xuxa”, ele passou a concorrer com a cachorrada da “TV Colosso”. O grande momento do programa era “A porta dos desesperados” uma paródia do que Silvio fazia na “porta da esperança”. Com o fim do programa, Serginho fez par romântico com a ex-rival, Xuxa no filme “Lua de Cristal”
Pedra no sapato.
Silvio Santos continuava a incomodar a concorrência, mas precisamente a Globo. Ainda com foco nas crianças em 1992, colocou no ar, às oito da noite, a novela mexicana “Carrossel”. A história de professora Helena e seus alunos, encantava a quem assistia. Neste momento a Globo apresentava em seu ho
rário nobre, a novela “O Dono do Mundo”, assinada por Gilberto Braga, a trama girava em torno do poderoso Felipe Barreto, interpretado por Antônio Fagundes, que apostava com um amigo que conseguiria tirar a virgindade da jovem Márcia, personagem de Malú Mader. Silvio percebeu então, que enquanto Carrossel estava no ar ao mesmo tempo em que a novela das oito era transmitida, permanecia como líder de audiência em alguns momentos, e ser líder de audiência no horário nobre, sobre a principal novela da Globo era uma satisfação para Silvio. Passou então a atrasar a apresentação de Carrossel para que a novela começasse simultaneamente com “O Dono do Mundo”. Era a inocência de Carrossel, contra a polêmica característica de Gilberto Braga, o resultado foi que “O Dono do Mundo” foi um fracasso de audiência para a Globo, e “Carrossel” um sucesso para o SBT. Tecnicamente passavam a maioria do tempo empatado, mas isso era a glória para o SBT, principalmente por se tratar da novela das oito do Globo.
Outro filão que em 1991 Silvio resolveu investir, foi a produção de um programa voltado para o público jovem. Contratou Serginho Groismmann, que até então trabalh
ava na TV Cultura, onde apresentava o “Matéria Prima”, e o colocou no comando do “Programa Livre”, um programa de auditório dirigido ao público jovem, onde os convidados eram entrevistados pelo apresentador, mas com a ajuda da platéia, composta por jovens e adolescentes. Geralmente apresentado ao vivo, o “Programa Livre” se tornou sucesso nas tardes de segunda a sexta, e chegou por diversas vezes a ficar na frente da “Sessão da Tarde” da Globo. Hoje, Serginho está no ar na emissora que tanto incomodou fazendo o mesmo programa que fazia no SBT, com leves alterações, continua falando para o jovem só que semanalmente e de madrugada.
Em 1996 mais uma novela era atingida pelo SBT, desta vez, o horário da seis era ameaçado por um outro tipo de programa jornalístico. A Globo colocava no ar as seis da tarde, “Quem é Você?” novela que Ivani Ribeiro, morta um ano antes, havia deixado encaminhada para que sua colaboradora Solange Castro Neves, escrevesse. Solange abraçou a idéia da novela com dedicação, a história girava em torno de Beatriz (vilã interpretada por Cássia Kiss) que revelava no primeiro capítulo para a irmã Maria Luiza (personagem de Elizabeth Savalla), que o pai de seu filho era o cunhado Afonso (personagem de Alexandre Borges). A novela se desenvolvia, na curiosidade e obstinação do filho de Beatriz em saber quem era o seu pai. Mas o grande problema da novela, foi a discordância entre Solange, que até então era inexperiente na arte de conduzir sozinha uma novela, e Lauro César Muniz, autor experiente que assinava a supervisão de texto da novela. Solange chegou a acusar Lauro de mudar o texto e a história da novela sem, nem sequer, a avisar. Silvio Santos resolveu tirar proveito da situação, no mesmo horário da novela ia ao ar, um programa jornalístico popular, apontando por muitos como apelativo. Era o “Aqui Agora”, que p
ossuía um apelo policial, haviam quadros com Celso Russomano em defesa do consumidor que imortalizou o bordão “estando bom para ambas as partes Celso Russomano para o Aqui Agora”, de Gil Gomes e os casos policiais e do jornalista Feliz, que apresentava de uma maneira bem diferente a previsão do tempo e assinava sua participação com a frase: “E piririm e pororom”. O jornalístico já incomodava a Globo antes de “Quem é você?”, assim que a novela começou a apresentar problemas, Silvio lançou na sua programação uma chamada provocadora “se você sabe quem é você, deixe a novela da Globo e assista Aqui Agora”.
No mesmo ano, em que o SBT completaria 15 anos de existência, Silvio Santos inaugurou com a presença de toda a sua família e do então presidente Fernando Henrique Cardoso, o Complexo Anhanguera, um centro de produções que visava atender as necessidades de expansão do SBT. Veio em boa hora, pois a emissora há tempos necessitava de uma restruturação para que pudesse se manter no topo. Um investimento de 120 milhões de reais e apartir daquele ano, topos os programas da casa passariam a ser gravados no Complexo Anhanguera.
na próxima parte de "SILVIO SANTOS E SEU IMPÉRIO":
* DÚVIDA: RATINHO OU BONI?
* GUERRA DOS DOMINGOS
* SILVIO NA GLOBO DE NOVO
* O SEQUESTRO
* CASA DOS ARTISTAS
* "RECORD" A AMEAÇA
Fontes:
A fantástica história de Silvio Santos - Arlindo Silva
http://www.sbt.com.br/
http://www.ofuxico.com.br/
http://www.infantv.com.br/
www.telehistoria.com.br/www.observatórioda/imprensa.com.brColaborou Leandro Rosafotos:
divulgaçãoSBT
www.paginadosilvio.com.br
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